quarta-feira, 9 de maio de 2012

 

            ESTADÃO ATACA MOVIMENTO DISTORCE DECLARAÇÕES

Em sua edição do último domingo, 6/5, o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO dedicou 2 páginas à Ocupação Novo Pinheirinho de Embu, organizada pelo MTST. Fiel à sua história sempre ao lado dos poderosos, este jornal mentiu, distorceu declarações de uma coordenadora do Movimento e atacou o MTST.

Afirmou, sem qualquer embasamento para isso, que a ocupação tem desmatado a área; que tem havido corte indiscriminado de árvores; que o lixo estaria sendo jogado em "clareiras na mata", dentre ouras inverdades. Além disso, distorceu a declaração da coordenadora do Movimento, Vanessa de Souza, com o intuito de sugerir que o acampamento receba apoio e sustentação do poder público, através da Prefeitura de Embu.

Diante disso, o MTST esclarece os seguintes pontos:

1. A ocupação, desde o seu início, preservou o restante de mata existente no terreno, que aliás vinha sendo gradativamente destruído pela situação de abandono que antecedeu à ocupação. A área ocupada já estava desmatada há muitos anos, havendo inclusive um campo de futebol no local, como qualquer um pode constatar visitando o local. 

2. O MTST defende um uso misto para a área: preservação, parque e habitação, permitindo que as necessidades da comunidade sejam contempladas sem qualquer dano ao meio ambiente. 

3. O MTST é um movimento autônomo, que não recebe qualquer tipo de ajuda do poder público. A única relação do Movimento com a Prefeitura de Embu é a concordância quanto ao uso misto da referida área. São falsas as afirmações de envolvimento ou apoio da Prefeitura ao acampamento.

Feitos os esclarecimentos, temos a convicção que matérias "jornalísticas" desta natureza obedecem unicamente ao intento de manipular de modo desavergonhado a opinião pública e criminalizar o Movimento, coerente aos interesses de classe que sempre motivaram o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO. 

Matéria original:

terça-feira, 8 de maio de 2012


Democracia e corrupção

João Baptista Herkenhoff

Naqueles momentos, que infelizmente são cíclicos na vida brasileira, em que grandes escândalos administrativos e financeiros ocupam o noticiário, seja o noticiário nacional, sejam os noticiários locais, podemos ser tentados a colocar em cheque a validade do sistema democrático.
No entanto, os desvios de conduta, ao que sinto, não existem como consequência da Democracia. O sistema democrático, especialmente a liberdade de imprensa, apenas torna públicos os atos desonestos.
Impõe-se fazer um balanço geral de nosso modelo democrático. Há vícios que estão na própria raiz do sistema. O debate não pode ficar circunscrito aos políticos. A sociedade civil organizada tem de exigir participação efetiva na discussão e presença eficaz nas estruturas de poder.
A quebra das artimanhas da corrupção, a superação dos vícios que desnaturam os fundamentos da Democracia, tudo isso só será alcançado através de intensa mobilização popular.
Num grande esforço nacional pela construção da Democracia creio que um papel relevante cabe à Universidade, vista como instituição que deve estar a serviço do povo. É imperativo que a instância universitária, em comunhão com a sociedade, discuta e proponha um projeto para o país.
Ao discutir o Brasil, a Universidade, ela própria, também tem de ser discutida.
Alterada em algumas de suas bases, a Universidade ficou mais bem equipada para cumprir seu papel político e social? Creio que não.
Nas universidades em geral, criaram-se Centros e Departamentos. Extinguiram-se as Faculdades. As Faculdades tinham alma. Os Departamentos são etéreos.
O curso seriado foi substituído pelo sistema de créditos. Destruiu-se aquele coleguismo que se forjava na convivência, por vários anos, dos integrantes de uma turma. A turma tornava-se uma pessoa moral, o que repercutia, favoravelmente, tanto na personalidade do jovem, quanto na atmosfera social onde essa “pessoa moral” marcava presença.
Acabou-se com a cátedra. É certo que muitos catedráticos, depois da conquista do título, supunham estar dispensados das tarefas didáticas. Penso que esse desvio ético (supor que a cátedra fosse a láurea da preguiça) podia ser corrigido, pela via acadêmica (corte de ponto do professor catedrático faltoso, da mesma forma que se corta o ponto do modesto funcionário da limpeza faltoso). Não vejo que, para coibir o abuso, o caminho devesse ter sido a supressão da cátedra.
Discutir a Universidade e o ensino em geral, discutir a saúde pública, discutir o modelo econômico, discutir a estrutura partidária, discutir o sistema eleitoral, discutir o poder do interesse privado e do dinheiro nas eleições, discutir a Justiça, discutir a intervenção cirúrgica no nepotismo e no afilhadismo, discutir os tribunais de contas que devem prevenir a corrupção para terem o direito de sobreviver, corrigir não as consequências dos males, mas os males na sua origem e na sua força de contaminar o conjunto social – este é o grande desafio.

João Baptista Herkenhoff, 74 anos, Professor pesquisador da Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha (ES) e conferencista. Autor do livro Dilemas de um juiz – a aventura obrigatória. (GZ Editora, Rio de Janeiro). E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage: www.jbherkenhoff.com.br

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